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Como o monitoramento remoto ajuda a reduzir a pressão arterial e o risco de doenças cardíacas em populações vulneráveis

7 de outubro de 2024
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A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. No entanto, populações vulneráveis, ou seja, aquelas que têm menos acesso a cuidados médicos, enfrentam um risco ainda maior. Estudos apontam que essas populações têm 40% mais chances de desenvolver hipertensão e são três vezes mais propensas a morrer de doenças cardíacas relacionadas à pressão arterial descontrolada.

A pandemia de COVID-19 agravou ainda mais essa situação, dobrando a taxa de mortalidade entre essas pessoas que já viviam com doenças crônicas. Em meio a esse cenário preocupante, surgem as tecnologias digitais de saúde, como dispositivos de monitoramento remoto e aplicativos, oferecendo uma nova esperança para gerenciar a saúde de forma mais eficaz.

Neste artigo, vamos explorar como programas de monitoramento remoto podem ajudar a reduzir a pressão arterial e o risco de doenças cardíacas, com foco no impacto dessas tecnologias em populações vulneráveis. Vamos também discutir um estudo inovador, o programa DIG IT, que tem mostrado resultados impressionantes.

 

A Realidade das Populações Vulneráveis

Populações vulneráveis, ou “medicamente desatendidas”, incluem pessoas de baixa renda, minorias étnicas, e aquelas que vivem em áreas rurais com acesso limitado a cuidados de saúde. Essas populações enfrentam diversas barreiras, como falta de recursos financeiros, transporte, ou até mesmo dificuldades em conseguir agendamentos médicos. Como resultado, muitas vezes não conseguem monitorar adequadamente sua saúde, especialmente quando se trata de doenças crônicas como a hipertensão.

Fatores que Contribuem para a Hipertensão em Populações Vulneráveis

  • Acesso limitado a cuidados de saúde: A falta de médicos em regiões rurais ou em bairros de baixa renda dificulta o diagnóstico precoce e o tratamento da hipertensão.
  • Estilo de vida: Condições socioeconômicas adversas, incluindo má alimentação e estresse elevado, aumentam o risco de hipertensão.
  • Educação em saúde: A falta de informações sobre prevenção e controle de doenças crônicas agrava o problema.

A Revolução da Saúde Digital

A tecnologia tem revolucionado muitos setores, e a saúde não é exceção. Aplicativos de monitoramento da saúde, dispositivos portáteis e sistemas integrados com prontuários eletrônicos (EHRs) são ferramentas poderosas que podem ajudar pacientes e médicos a acompanharem condições como a hipertensão. No entanto, o impacto dessas tecnologias ainda não é claro para todos os grupos populacionais, especialmente aqueles que mais precisam de assistência.

Monitoramento Remoto: Como Funciona?

O monitoramento remoto permite que os pacientes verifiquem sua pressão arterial em casa usando dispositivos conectados a aplicativos que enviam os dados diretamente para os profissionais de saúde. Dessa forma, médicos e equipes de cuidados podem intervir de maneira mais rápida e eficaz, ajustando medicamentos ou oferecendo orientações personalizadas. Para populações vulneráveis, essa inovação pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

O Estudo DIG IT: Um Modelo de Sucesso

Um exemplo promissor de como o monitoramento remoto pode transformar a saúde de populações vulneráveis é o estudo DIG IT, realizado em um Centro de Saúde Qualificado Federal em Orange County, Califórnia. O programa foi criado para ajudar no controle de condições crônicas, como a hipertensão, usando inovações digitais e o monitoramento remoto de pacientes.

Detalhes do Programa DIG IT

O estudo comparou dois grupos de pacientes com hipertensão não controlada, todos com 40 anos ou mais:

  • Grupo DIG IT: 70 pacientes que usaram dispositivos de monitoramento da pressão arterial conectados digitalmente, além de receberem gestão de medicamentos e cuidados de uma equipe multidisciplinar.
  • Grupo Controle: 70 pacientes que receberam cuidados padrão sem o uso de ferramentas digitais.

Durante um período de três meses, os pesquisadores acompanharam a pressão arterial e os índices de risco cardiovascular de cada grupo. Os resultados foram impressionantes.

Resultados Transformadores: A Eficácia do Monitoramento Remoto

Os resultados do estudo DIG IT mostraram que o grupo que utilizou o monitoramento remoto teve uma redução significativa na pressão arterial e nos riscos de doenças cardíacas em comparação ao grupo controle.

Reduções na Pressão Arterial

  • Grupo DIG IT: A pressão arterial sistólica (o número mais alto) diminuiu em média 31 pontos, enquanto a pressão diastólica (o número mais baixo) caiu 11 pontos.
  • Grupo Controle: A redução foi de 15 pontos na pressão sistólica e 5 pontos na diastólica.

Redução do Risco de Doenças Cardíacas

Além das melhorias na pressão arterial, os participantes do DIG IT tiveram o dobro de redução no risco de desenvolver doenças cardíacas, de acordo com os cálculos do risco de 10 anos do American College of Cardiology. Isso é especialmente relevante para populações vulneráveis, que enfrentam maiores taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares.

Sucesso em Alcançar Metas de Pressão Arterial

Cerca de 73% dos pacientes do programa DIG IT atingiram suas metas de pressão arterial dentro de três meses, enquanto apenas 37% dos pacientes do grupo controle conseguiram o mesmo. Essa diferença ressalta a eficácia do monitoramento remoto e da intervenção digital.

O Impacto das Inovações em Saúde Digital

Esses resultados indicam que o monitoramento remoto e o uso de ferramentas digitais podem ser a chave para melhorar o tratamento da hipertensão em populações vulneráveis. Mas, além de reduzir a pressão arterial e o risco de doenças cardíacas, essas tecnologias também têm outros benefícios.

Acessibilidade e Equidade na Saúde

O programa DIG IT mostrou que é possível oferecer cuidados de qualidade mesmo para populações que tradicionalmente enfrentam dificuldades de acesso à saúde. Ao integrar ferramentas digitais com cuidados em tempo real, o programa garantiu que todos os pacientes recebessem intervenções oportunas, independentemente de sua localização ou condição financeira.

Promoção de Hábitos Saudáveis

Outra vantagem do monitoramento remoto é a promoção de hábitos saudáveis. Ao verem suas medições diárias de pressão arterial, os pacientes podem se sentir mais responsáveis e motivados a adotar estilos de vida mais saudáveis, como uma dieta balanceada e a prática regular de exercícios.

Redução de Custos

Para o sistema de saúde, o uso de tecnologias digitais pode reduzir os custos, evitando hospitalizações e tratamentos caros que seriam necessários para tratar complicações de doenças crônicas mal gerenciadas. Isso é particularmente importante em um momento em que os recursos são limitados e a demanda por cuidados está em alta.

Desafios e Próximos Passos

Embora o programa DIG IT tenha mostrado resultados promissores, ainda há desafios a serem superados. A falta de inclusão de populações vulneráveis em muitos estudos clínicos é uma barreira que precisa ser superada. Além disso, a implementação em larga escala de tecnologias digitais de saúde pode enfrentar obstáculos como a falta de infraestrutura tecnológica em algumas regiões.

O Futuro da Saúde Digital

Apesar dos desafios, o futuro da saúde digital é promissor. A medida que as tecnologias continuam a evoluir, esperamos ver uma maior integração de ferramentas digitais no cuidado diário de pacientes com condições crônicas. Para populações vulneráveis, essas inovações podem representar uma verdadeira revolução no acesso a cuidados de saúde e na melhoria da qualidade de vida.

Conclusão

O estudo DIG IT e o uso de monitoramento remoto destacam o potencial transformador das inovações digitais no tratamento da hipertensão e na redução do risco de doenças cardíacas, especialmente para populações vulneráveis. Ao proporcionar acesso a cuidados mais acessíveis e eficazes, essas tecnologias podem salvar vidas e melhorar significativamente a saúde pública.

A chave para o sucesso está na combinação de tecnologia com um modelo de cuidados colaborativo e centrado no paciente, garantindo que todos, independentemente de sua situação socioeconômica, tenham a oportunidade de viver uma vida mais saudável.

Referência: Health Management – Promoting Management and Leadership

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