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O que você deve saber sobre Prolapso da Válvula Mitral

8 de setembro de 2013
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O que é válvula mitral?

É uma estrutura constituída de três folhetos móveis, responsável pela separação de duas câmaras (quartos) do coração quais sejam o átrio esquerdo (AE) e o ventrículo esquerdo(VE). O sangue vindo dos pulmões vai atingir o átrio esquerdo e passando pela válvula mitral (VM) aberta ele chega ao ventrículo esquerdo. Quando o VE se encontra cheio de sangue ele se contrai direcionando todo o sangue para a aorta (um grande vaso) que então destribuirá o mesmo para outros vasos. Nesse momento de contração ventricular esquerda, a válvula mitral se fecha pois ela possui “pequenas cordas” presas em sua face ventricular que não permitem sua abertura dentro do AE. Assim, a VM impede o retorno do sangue ao AE.

Um estudo feito pelos Drs. Daniel P. Bouknight e Robert A. O’Rourke do Centro de Ciência da Saúde da Universidade do Texas – EUA, reuniu dados através de uma revisão bibliográfica sobre os vários aspectos desta anormalidade. O compilamento dessas informações é de extrema importância para que o diagnóstico e conduta perante os pacientes sejam feitos da melhor maneira possível, ou seja, causando-lhes o mínimo de ansiedade e transtorno.

O que é, qual a prevalência e a causa do prolapso da válvula mitral (PVM) ?

É uma anormalidade que possibilita a protrusão de uma das partes dessa válvula para o AE durante a contração ventricular podendo permitir então a passagem de alguma quantidade de sangue para o AE. Estima-se que um em vinte norte-americanos (a maioria mulheres) sejam portadores de tal alteração o que significa quinze milhões de pessoas nos EUA, sendo a forma mais comum de doença cardíaca valvular naquele país. Na maioria dos casos, a causa é primária, ou seja, há uma alteração inflamatória localizada primeiramente e unicamente na VM que pode ser hereditária ou não. Em outros casos, essa alteração é secundária a outras doenças cardíacas como febre reumática, infarto cardíaco, após cirurgia valvular, etc.

Como se manifesta, como se diagnostica e como se trata?

A maioria dos pacientes são assintomáticos ou seja, não têm qualquer sintoma, tendo sido diagnosticados através de um exame médico de rotina ou pelo ecocardiograma realizado por outros motivos quaisquer. A queixa mais comumente apresentada é a palpitação – sensação de disparo súbito do coração. Esse sintoma é com freqüência relatado por pacientes que não apresentam alterações ao eletrocardiograma no consultório. Outra queixa comum é o desconforto torácico. A dor é atípica quando comparada com a dor anginosa – causada pela diminuição da irrigação e oxigenação do coração – e a maioria dos pacientes não têm doença isquêmica cardíaca coexistente (“entupimento” dos vasos que nutrem o coração). Sintomas de ansiedade e pânico são também muito comuns, mas questiona-se se são realmente causados pelo PVM ou se estão aleatoriamente associados, devido a ambos terem uma prevalência importante na população. Fadiga e falta de ar são também queixas freqüentes sem no entanto surgirem em testes objetivos de esforço físico. O diagnóstico é feito através de um exame médico onde poderá se escutar um estalido no momento em que o coração se contrai. Esse som representa a protrusão de um dos folhetos da válvula para o AE. Pode-se também ouvir um ruído após esse estalido chamado de sopro, que representa a passagem de alguma quantidade de sangue para o AE. Dentre os exames complementares, o ecocardiograma é aquele capaz de evidenciar a alteração valvular por ser um exame de imagem.

História natural, complicações e prognóstico?

Na maioria das pessoas, o índice de complicações é de 2% ao ano, ou seja, duas pessoas em cada cem com esse problema vão apresentar alguma alteração mais séria. A expectativa de vida de homens e mulheres com esse distúrbio é similar à das pessoas sem o mesmo. Dentre as complicações possíveis estão o aumento do AE que pode levar a arritmias diversas e a longo prazo, à insuficiência cardíaca. As pessoas com PVM podem ter uma maior facilidade de contraírem uma infecção cardíaca (endocardite), quando submetidas a cirurgias e procedimentos odontológicos, por isso a importância de avisar os médicos e dentistas responsáveis sobre a sua presença. Raramente tem-se percebido a associação do PVM com eventos cerebrais isquêmicos transitórios – déficits neurológicos de curta duração devido ao desprendimento de partículas provenientes da VM para a circulação cerebral.

Como deve ser o acompanhamento médico dessas pessoas?

O acompanhamento vai depender do grupo em que se encaixa a pessoa: aquelas que não têm sintomas (assintomáticas) e aquelas que têm sintomas (sintomáticas). Nas pessoas assintomáticas, é de extrema importância que o médico lhes tranqüilizem através das informações adequadas sobre a evolução natural benigna da disfunção visto serem as alterações cardíacas responsáveis por grande ansiedade da população. Essas pessoas devem ter uma vida saudável com uma alimentação balanceada e exercícios físicos regulares, ou seja, recomendações essas importantes para qualquer cidadão. Como já dito acima, deve-se ter sempre o cuidado de utilizar antibióticos para prevenir infecções cardíacas antes de cirurgias e procedimentos odontológicos. Dentre as pessoas sintomáticas, há diferentes condutas de acordo com seus sintomas. Naquelas pessoas que se queixam de palpitações, desconforto torácico, ansiedade e fadiga, além do já mencionado esclarecimento médico, pode-se utilizar beta-bloqueadores. Aspirina diária é recomendada naquelas pessoas que cursam com sintomas neurológicos de curta duração, tais pacientes devem evitar o tabagismo e anticoncepcionais orais. Caso não melhorem com aspirina, pode ser necessário o uso de outra droga, a warfarina. Mesmo sabendo que a maioria das pessoas se beneficiam com as atividades esportivas, aquelas que possuem alterações cardíacas mais intensas como aumento de VE, arritmias descontroladas, desmaios inexplicáveis, etc, devem evitar esportes competitivos.

As pessoas assintomáticas com nenhuma ou pequena regurgitação da VM (retorno de sangue para o AE) podem ser avaliadas de 3 a 5 anos. O ecocardiograma deve ser repetido somente na presença de sintomas, alterações no exame médico ou evidências sugestivas de alto risco no primeiro ecocardiograma. As pessoas sintomáticas e com alto risco de desenvolverem complicações devem ser reavaliadas todo ano. Pouquíssimas pessoas necessitarão de cirurgia corretiva.

Fonte: Am Family Physician, June 1rst, 2000, page 3343

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